O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o “futuro da América Latina depende do comportamento” e da “união dos países” sul-americanos e caribenhos. A declaração foi feita em Pequim, na China, nesta terça-feira (13), durante discurso no 4º Fórum Celac-China.
“Queria fazer um alerta a todos os companheiros da América Latina. O futuro da América Latina depende do nosso comportamento, da análise justa do que aconteceu no século 20, onde nós avançamos, e onde nós retrocedemos, para que a gente compreenda de uma vez por todas: Não há saída para nenhum país individualmente”, declarou.
Lula destacou que a América Latina tem 500 anos de história que provam isso. “Ou nós nos juntamos entre nós, e procuramos parceiros que queiram, junto conosco, construir um mundo compartilhado, ou a América Latina tende a continuar sendo uma região que representa a pobreza no mundo de hoje”, disse.
Mesmo defendendo o apoio da China, Lula alertou que o desenvolvimento da América Latina não depende do país asiático, nem dos Estados Unidos ou da União Europeia. “Depende, pura e simplesmente, se a gente quer ser grande ou a gente quer continuar pequeno”, afirmou.
Celac-China
O Fórum Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) foi criado em 2014 com o objetivo de fortalecer as relações políticas, comerciais e econômicas entre a China e os países da América Latina e do Caribe.
“Ao longo dessa década, os laços entre a América Latina e o Caribe e a China se fortaleceram. A China já é o segundo maior parceiro comercial da CELAC e um dos mais importantes investidores diretos na região. Recursos oriundos de instituições financeiras chinesas superam créditos oferecidos pelo Banco Mundial ou pelo BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento]. A parceria com a China é um elemento dinâmico para a economia regional”, disse Lula.
O chefe do Palácio do Planalto também defendeu o desenvolvimento de tecnologias pela América Latina. “A revolução digital não pode criar um novo abismo tecnológico entre nações. O desenvolvimento da Inteligência Artificial não deve ser um privilégio de poucos. Uma transição justa para uma economia de baixo carbono também exige amplo acesso a tecnologias de energia limpa”, disse.
Segundo ele, a “América Latina e o Caribe e a China podem mostrar ao mundo que é possível conter a mudança do clima sem abdicar do crescimento econômico e da justiça social”.
“A COP30, na Amazônia, no estado do Pará, na cidade de Belém, no coração da Amazônia, almeja ser um ponto de virada na implementação dos compromissos climáticos, estabelecendo a confiança em soluções coletivas”.
Primeira mulher secretária-geral da ONU
Lula também voltou a defender a eleição de uma mulher indicada pelos países latinos e caribenhos para o cargo de secretária-geral da ONU.
“A América Latina e o Caribe podem contribuir elegendo a primeira mulher Secretária-Geral da ONU e honrando, assim, o legado da Conferência de Pequim sobre os direitos das mulheres”, disse.
O presidente busca apoio na estratégia desde o começo do ano, com a expectativa dos países escolherem um único nome para ser indicado. Os mais cotados, no começo do ano, eram a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley.
Até hoje, nunca houve uma liderança feminina no cargo de secretária-geral da ONU. O mandato do atual secretário-geral, o português António Guterres, termina no ano que vem.
R7
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