O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o papa Leão XIV ofereceu o Vaticano para sediar as negociações de um cessar-fogo na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Em um post em sua rede Truth Social, após uma conversa de mais de duas horas com o presidente russo, Vladimir Putin, Trump também falou que o diálogo com Putin "correu muito bem" e que as negociações de Moscou com Kiev vão começar "imediatamente".

"Acredito que correu muito bem. Rússia e Ucrânia iniciarão imediatamente negociações para um cessar-fogo e, mais importante, para o fim da guerra. As condições para isso serão negociadas entre as duas partes. O tom e o espírito da conversa foram excelentes", afirmou.

Ainda de acordo com Trump, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já está a par de tudo que foi falado, assim como a presidente da Comissão Europeia e líderes europeus.

O presidente americano também mostrou estar aberto a uma parceria comercial com a Rússia, que afirmou ter "potencial ilimitado":

"A Rússia quer fazer comércio em larga escala com os Estados Unidos quando este 'banho de sangue' catastrófico terminar, e eu concordo. Há uma tremenda oportunidade para a Rússia criar enormes quantidades de empregos e riqueza. Seu potencial é ilimitado. Da mesma forma, a Ucrânia pode ser uma grande beneficiária do comércio, no processo de reconstrução de seu país".

O que falou Putin sobre ligação
Após a ligação, Vladimir Putin também se pronunciou através da mídia estatal russa. Classificou a conversa com o presidente dos EUA de "informativa e útil" e afirmou que Moscou está pronto para trabalhar com a Ucrânia em um memorando sobre futuras negociações de paz:

"O cessar-fogo com a Ucrânia é possível assim que acordos forem feitos. Em geral, estamos no caminho certo. A posição da Rússia é clara. O principal para nós é eliminar as causas profundas desta crise. Só precisamos determinar as maneiras mais eficazes de avançar em direção à paz".

Putin agradeceu a Trump por apoiar a retomada das negociações diretas entre Moscou e Kiev, e disse que Trump notou o apoio da Rússia à paz:

"Concordamos com o presidente dos Estados Unidos que a Rússia proporá e está pronta para trabalhar com o lado ucraniano em um memorando sobre um possível futuro acordo de paz, definindo uma série de posições, como, por exemplo, os princípios de solução e o momento de um possível acordo de paz", disse Putin a repórteres perto do resort de Sochi, no Mar Negro".

Antes da ligação, quando deixava Roma após se encontrar com o Papa Leão XIV, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, disse que Trump está "mais do que aberto" a desistir da tentativa de encerrar a guerra se achar que Putin não leva a sério a negociação.

"Eu diria que estamos mais do que abertos a desistir", disse Vance a repórteres, acrescentando que Trump deixou claro que os EUA "não vão ficar parados. Queremos ver resultados".

Trump tem lutado para encerrar a guerra sem sucesso desde que iniciou seu segundo mandato. As conversas são um teste para sua reputação como negociador, depois de ter afirmado que resolveria o conflito rapidamente quando voltasse à Casa Branca, ou até mesmo antes de assumir o cargo.

"Ele está cansado e frustrado com ambos os lados do conflito. Ele deixou claro para ambos os lados que quer uma resolução pacífica e um cessar-fogo o mais rápido possível", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres antes da ligação.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a chamada telefônica de "importante, dadas as conversas que ocorreram em Istambul". Na semana passada, autoridades russas e ucranianas se reuniram para as primeiras negociações desse tipo desde março de 2022.

Além de Trump e Zelensky, Trump também falará com líderes da Otan nesta segunda — a Rússia protesta contra a entrada da Ucrânia na aliança militar do Ocidente.

O presidente dos EUA aposta na ideia de que sua posição e seu histórico pessoal com Putin serão suficientes para romper qualquer impasse sobre uma pausa nos combates.

"Sua sensação é que ele precisa falar ao telefone com o presidente Putin, e isso vai resolver parte do impasse e nos levar ao ponto que precisamos", disse o enviado de Trump, Steve Witkoff. "Acho que será uma ligação muito bem-sucedida."

Líderes europeus acolhem proposta do papa
Os líderes europeus receberam positivamente a disposição do Papa Leão XIV em sediar negociações entre Rússia e Ucrânia no Vaticano, afirmou a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

O gabinete de Meloni informou que líderes europeus, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Friedrich Merz, conversaram com o presidente dos EUA, Donald Trump, após ele ter tido uma ligação com o presidente russo Vladimir Putin.

“Estão em andamento trabalhos para iniciar imediatamente negociações entre as partes, que possam levar a um cessar-fogo o mais rápido possível e estabelecer as condições para uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, disse o gabinete de Meloni em comunicado.

“Nesse sentido, a disposição do Santo Padre em sediar as negociações no Vaticano foi considerada positiva. A Itália está pronta para fazer sua parte para facilitar os contatos e trabalhar pela paz”, acrescentou o comunicado.

A relação de Putin e Trump
Após a posse de Trump em janeiro, o primeiro telefonema anunciado publicamente entre Trump e Putin foi em 12 de fevereiro.

Eles conversaram novamente em 18 de março, por cerca de 2 horas, uma das ligações mais longas de Putin, segundo o Kremlin.

Na ocasião, o presidente russo concordou em interromper temporariamente os ataques às instalações energéticas ucranianas, mas se recusou a endossar um cessar-fogo total de 30 dias, que Trump esperava ser o primeiro passo para um acordo de paz permanente.

Em março, no entanto, o governo russo afirmou que pode ter havido mais contatos entre Trump e Putin do que as ligações telefônicas anunciadas publicamente.

Eles conversam por linhas criptografadas e tradutores participam. Putin fala um pouco de inglês, mas usa russo para negociar. Até o momento, eles não utilizaram videoconferência.

g1
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