O Ministério Público de Barcelona recorreu nesta quarta-feira (7) da absolvição do jogador brasileiro Daniel Alves no processo em que ele foi condenado por estupro.
O recurso se une ao já apresentado pela defesa da vÃtima em abril, que reabriu o caso judicialmente. Agora, Daniel Alves voltará a ser julgado, desta vez no Tribunal Supremo da Espanha, a instância mais alta da Justiça do paÃs.
Os recursos foram apresentados depois de, em uma reviravolta no caso, o Tribunal Superior da Catalunha anular a condenação de Daniel Alves com o argumento de que havia inconsistências no depoimento da vÃtima.
Alves havia sido condenado por estuprar uma jovem espanhola em uma boate de Barcelona em dezembro de 2022. Ele nega.
No recurso apresentado nesta quarta, a Promotoria catalã afirmou que a anulação "condenou moralmente" a vÃtima.
Instância mais alta
A sentença inicial, de fevereiro de 2024 — quando o ex-jogador foi condenado a quatro anos e meio de prisão —, foi feita pela Audiência de Barcelona, a instância judicial mais alta da cidade. Foi em Barcelona que a vÃtima, uma mulher, disse ter sido estuprada pelo brasileiro, em uma discoteca.
Depois que a defesa de Alves apresentou recurso a essa decisão, o caso subiu para o Tribunal Superior de Justiça (STJ) da Catalunha, região onde fica Barcelona. O STJ da Catalunha é um tribunal de segunda instância e esgota as possibilidades jurÃdicas do caso no âmbito regional, mas não no nacional, o que caberia ao Tribunal Supremo da Espanha.
O Tribunal Supremo tem competência para analisar e revisar todas as decisões de todos as instâncias da Justiça espanhola, exceto casos de disputas constitucionais.
Anulação
A seção de recursos do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha decidiu de forma unânime anular a condenação de Alves no último dia 28 de março.
A vÃtima, uma jovem espanhola que estava na mesma discoteca de Daniel Alves em 30 de dezembro de 2022, afirmou que foi estuprada por Alves dentro de um banheiro da área VIP do local. Exames de corpo de delito comprovaram a existência de sêmen na vagina da jovem, e funcionários da boate corroboraram a versão da vÃtima, argumentando que ela saiu do banheiro depois de Alves chorando e muito abalada.
Os juÃzes da seção de recursos concluÃram que o depoimento da jovem que acusava o ex-jogador é insuficiente para sustentar a condenação. Com isso, Alves ficou automaticamente absolvido.
Assim, o ex-jogador ficou totalmente livre e sem qualquer acusação na Justiça espanhola. Ele foi preso em janeiro de 2023, ficou mais de um ano atrás das grades aguardando julgamento, foi condenado a 4 anos e 6 meses e pagou 1 milhão de euros por liberdade provisória.
Alves estava em liberdade provisória desde março do ano passado, quando a Justiça catalã aceitou um recurso da defesa do ex-jogador. Os juÃzes, no entanto, analisavam outro recurso apresentado pela Promotoria de Barcelona que pedia aumento de pena para o brasileiro.
Na sentença de anulação, os juÃzes afirmaram entender que houve "imprecisões" e "déficits" na decisão anterior sobre o caso. Eles disseram não duvidar do teor em si da fala da vÃtima, mas julgaram que a primeira instância deixou "lacunas e imprecisões" ao não esgotar recursos para comprovar a versão da acusação.
A decisão pela anulação, disse a sentença, não significa que o tribunal esteja afirmando que a versão de Alves — de que não houve estupro e que ele teve uma relação sexual consentida com a vÃtima — seja a correta. Mas os juÃzes argumentaram que, pelas inconsistências, também não poderiam aceitar a hipótese da acusação como provada.
Entre as lacunas existentes no caso, de acordo com a sentença, estão:
Os juÃzes disseram também concordar com o argumento apresentando pelos advogados de Alves de que houve "falta de confiabilidade do depoimento" da vÃtima durante o julgamento do caso, em fevereiro do ano passado — a vÃtima apresentou o mesmo depoimento desde o inÃcio da denúncia, a de que foi estuprada por Alves.
Já o brasileiro, que chegou a dizer que nem sequer conhecia a jovem, mudou de versão três vezes ao longo do processo.
g1
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