Mai 30, 2025

Ucrânia e Alemanha produzirão mísseis de longo alcance em parceria, anuncia premiê alemão; 'Loucura', diz Rússia

A Alemanha e a Ucrânia pretendem desenvolver a produção industrial de mísseis de longo alcance em parceria, afirmou o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, nesta quarta-feira (28).

O anúncio foi feito à imprensa em uma coletiva durante uma visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Queremos viabilizar armas de longo alcance e também a produção conjunta. Não falaremos sobre os detalhes publicamente, mas intensificaremos a cooperação", disse Merz.

Zelensky afirmou ainda que os dois países concordaram em cooperar na produção de armas na Ucrânia, incluindo drones, e que acordos para a construção e o desenvolvimento de instalações de produção foram assinados.

Pouco depois das declarações, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse na TV estatal russa que os planos mostram que a Alemanha já é um participante da guerra Rússia X Ucrânia.

Afirmou que as decisões de Berlim estão "gerando tensão" e que esperava que "políticos responsáveis" na Alemanha "tomassem a conclusão correta e acabassem com essa loucura".

Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa nas negociações de paz sobre a Ucrânia, disse em comunicado no Telegram que enviou proposta à Ucrânia com uma data e local para novas negociações de um cessar-fogo e que espera uma resposta.

Ataque massivo de drones russos aumentou tensão
A visita do presidente ucraniano à Alemanha ocorre dois dias após Kiev receber autorização do país e da França para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos por eles contra a Rússia, que classificou a liberação como "muito perigosa".

Um dia antes, Moscou realizou o maior ataque de drones contra o território inimigo desde o início da guerra, contrariando líderes europeus e até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou Vladimir Putin de "estar louco".

O ataque, inclusive, foi condenado também pela ONU nesta quarta-feira. Um relatório investigativo de especialistas das Nações Unidas afirmou que as Forças Armadas russas cometeram "crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra", e que estão "sistematicamente" atacando civis.

Merz também voltou a condenar a Rússia e disse que os movimentos militares do país não "falam a linguagem da paz" e que a Alemanha continuará a pressionar Moscou para que as negociações de paz avancem e a guerra termine.

"Isto é um tapa na cara de todos aqueles que estão lutando por um cessar-fogo, na própria Ucrânia, mas também na Europa e nos EUA" , disse ele.

As condições da Rússia para o fim da guerra incluem uma exigência de que os líderes ocidentais se comprometam por escrito a parar de expandir a Otan para o leste, disseram três fontes russas à agência de notícias Reuters. Ou seja, que a Ucrânia não seja adicionada como membro.

"Se a Ucrânia não comparecer à cúpula, será uma vitória de Putin, não sobre a Ucrânia, mas sobre a Otan", provocou Zelensky nesta quarta.

Zelensky quer reunião com Trump e Putin
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs nesta quarta-feira (28) uma reunião trilateral com seus homólogos dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, para acabar com a guerra que começou com a invasão russa ao território ucraniano em 2022.

Putin rejeitou no início do mês a proposta de uma reunião com Zelensky na Turquia. O Kremlin afirmou que um encontro entre os dois governantes só aconteceria após algum tipo de "acordo" ser alcançado.

"Se Putin não se sente confortável com uma reunião bilateral, ou se todos preferem uma reunião trilateral, não me incomoda. Estou preparado para qualquer formato", declarou Zelensky à imprensa nesta terça-feira (27).

A Ucrânia lançou quase 300 drones contra a Rússia durante a noite desta terça, segundo o Ministério da Defesa de Moscou, que informou que suas forças interceptaram os aparelhos.

Trump frustrado com as negociações
O presidente americano, Donald Trump, que vem tentando liderar as negociações para acabar com a guerra desde que assumiu seu mandato, vem expressando sua frustração com Putin e Zelensky por ainda não terem alcançado um acordo para um cessar-fogo.

Durante a campanha eleitoral, o magnata republicano prometeu acabar com o conflito em 24 horas, mas os bombardeios ainda não cessaram.

Ao falar com a imprensa nesta terça, o presidente ucraniano também disse que esperava "sanções dos Estados Unidos", em particular contra "o setor energético e o sistema bancário" russo, em resposta à recusa de Moscou em aceitar uma trégua.

"Trump confirmou que, se a Rússia não parar, sanções serão impostas. Conversamos com ele sobre dois aspectos principais: a energia e o sistema bancário. Os Estados Unidos poderão impor sanções aos dois setores? Eu gostaria muito", declarou Zelensky.

No fim de semana, Trump escreveu em sua plataforma Truth Social que sempre teve boas relações com Putin, "mas algo aconteceu com ele. Ele ficou completamente louco".

Desde que o conflito começou, em fevereiro de 2022, dezenas de milhares de pessoas morreram, muitas zonas do leste e do sul da Ucrânia foram destruídas e o Exército de Moscou controla atualmente quase 20% do território ucraniano, incluindo a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.

O Kremlin mencionou na semana passada um "memorando" no qual apresentaria as condições de Moscou para um acordo de paz duradouro, mas Kiev ainda não o recebeu, segundo Zelensky.

"Vamos ler as propostas e certamente responderemos quando as recebermos", disse.

A diplomacia russa anunciou que transmitiria o documento a Kiev após a conclusão da grande troca de prisioneiros do fim de semana.

g1
Portal Santo André em Foco

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