O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre, após aumentar 2,4% nos últimos três meses de 2024, de acordo com dados preliminares do Departamento do Comércio dos EUA.
?A taxa anualizada mostra como a economia cresceria em um ano se o ritmo atual for mantido. Essa medida é usada para facilitar a comparação com o crescimento de outros períodos.
O resultado contraria as primeiras expectativas dos analistas, que previam uma alta de 0,3% para o período, e foi puxado por uma grande quantidade de bens importados por empresas que queriam evitar custos mais altos da política de tarifas anunciada pelo presidente dos EUA.
O indicador demonstrou que as importações aumentaram a uma taxa de 41,3%, o maior crescimento desde o terceiro trimestre de 2020, no auge da pandemia de Covid-19. Isso anulou um aumento modesto nas exportações, e gerou um grande déficit comercial (ou seja, importações maiores do que exportações), que reduziu o PIB em 4,83 pontos percentuais.
A economia também foi pressionada por uma queda nos gastos do governo federal, provavelmente ligada aos cortes agressivos da administração Trump, que resultaram em demissões em massa e fechamento de programas.
O PIB dos EUA divulgado nesta quarta-feira reforça os dados do Censo do Departamento de Comércio dos EUA, divulgados na véspera. O documento apontou um déficit comercial em março, à medida que as empresas intensificaram os esforços para comprar mercadorias do exterior antes que as tarifas de Trump passem a valer.
Trump, que acaba de completar 100 dias no cargo, tem visto crescer a desaprovação dos norte-americanos sobre sua gestão à frente da maior economia no mundo. Trump venceu as eleições em novembro passado devido à angústia dos eleitores, especialmente sobre a inflação.
Como mostrou a Reuters, a confiança do consumidor está próxima dos níveis mais baixos em cinco anos e o sentimento empresarial despencou. As companhias aéreas citam incerteza devido às tarifas, e economistas alertam que elas aumentarão os custos para empresas e famílias.
Após a divulgação dos dados, os principais índices de Wall Street registravam queda nesta quarta-feira (30), em meio a aumento das preocupações sobre o impacto econômico das políticas tarifárias de Trump.
Tarifaço mostra resultados ruins
Apesar de Trump ver as tarifas como uma ferramenta para aumentar a receita das contas públicas norte-americanas, compensar os cortes de impostos prometidos durante sua campanha e reviver a economia dos EUA, que está em declínio há muito tempo, os indicadores não trazem perspectivas tão otimistas.
Nesta quarta-feira, Trump afirmou que a contração da economia americana "não tem nada a ver" com as suas tarifas sobre importações e que os índices vão prosperar quando elas entrarem em vigor.
"Este é o mercado de ações de Biden, não de Trump. Só assumi em 20 de janeiro. As tarifas começarão a valer em breve, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes. Nosso país prosperará, mas precisamos nos livrar do 'excesso' de Biden", escreveu Trump nas redes sociais.
"Isso levará um tempo, não tem NADA A VER COM TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. SEJAM PACIENTES!!!", completou.
O presidente americano vem anunciando uma série de tarifas desde que chegou ao cargo. Primeiro, foram taxas a países e produtos específicos. No início do mês, vieram as chamadas "tarifas recíprocas", que atingiram, de forma abrangente, mais de 180 países.
A repercussão foi ruim desde o início, em especial depois que a disputa escalou contra os chineses.
Recentemente, Trump passou a ser pressionado para rever a política de taxas. Na terça-feira, ele assinou uma ordem para reduzir o impacto de suas tarifas sobre o setor automotivo, oferecendo um conjunto de créditos e isenções de outras taxas sobre materiais e peças.
A mudança foi anunciada no mesmo dia em que Trump viajou para Michigan, berço da indústria automotiva dos EUA, e poucos dias antes da entrada em vigor de uma nova rodada de tarifas de 25% sobre peças automotivas importadas.
g1
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